O ENCONTRO COM O DIVINO

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Eu não sabia o que buscava, não tinha a menor idéia do que estava por acontecer. Não foi por acaso, pois sempre senti que um dia, minha vida se transformaria, que eu renasceria, e minha vida, até então, seria apenas uma sombra daquela que eu estava por viver.

Tive uma vez uma visão: me vi tateando às cegas por um escuro caminho. Penosamente, vagarosamente eu me deslocava, tateando com as mãos e os pés cada pedaço do caminho mergulhado na escuridão. Ocorreu-me de levar as mãos aos olhos, e descobri que usava uma máscara de mergulhador, totalmente negra, e que esta era o motivo de minha cegueira.

Acordei de minha visão, era assim que eu realmente me sentia, em meio ao breu, a tatear pela vida, a procura de enxergar a estrada do porvir. Até quando?

Minha entrada para a Unipaz aplacava minha angústia. Emocionava-me a cada vez que lá estava, e tão intensamente me entregava, que passei a viver experiências inusitadas, de transcendência, de morte. Um dia percebi que estava vivendo uma experiência de cura, pessoal e profunda, sem mestre ou guru. Como se meu próprio Ser se encarregasse de cada momento a ser vivido. Vi-me nas mágicas mãos do destino, que com desvelo me cuidava. Senti-me fechar dentro de mim, como num casulo, e assim me vi a mexer em cada ferida da alma, camada por camada.

Foi assim que a cada mês, a cada semana, a cada dia, eu sentia aproximar-se um momento especial, do qual eu não tinha idéia. Um momento de acordar, de nascer, e intensa era esta sensação, embora fosse silenciosa em meu coração.

E este dia chegou, tão simples, tão profundo. Eu estava em casa, ouvia música e dançava meu CD favorito. Mais uma vez me emocionei, senti um amor profundo em minha alma, havia em mim liberdade, inteireza, amor, paz e uma profunda emoção. Quem é esta pessoa que assim se sente? Quem é esta mulher cheia de emoção e amor? A resposta era tão óbvia: “_ Esta sou eu!” Em tantos momentos mágicos eu assim me sentira, mas estes momentos passavam e eu não me identificava com eles, não sabia que representavam minha verdadeira realidade. Eu vivera toda minha vida me esquecendo de quem eu realmente sou! Agora eu estava diante de mim mesma, do Ser pleno, livre, amoroso e criativo que me habita, que habita a todos nós. A consciência de quem Eu sou, acabava de transformar minha existência, era por esse momento que eu estava aguardando por toda a minha vida. Simplesmente, o instante de vivenciar, conscientemente, minha realidade interior. Logo depois, eu peguei o livro que me acompanhava, em minha jornada, e a página que me aguardava é esta que adapto a seguir:

“Quando o tempo não era conhecido, como hoje nós o conhecemos, houve uma centelha no coração de Deus. Desta centelha surgiram milhares de estrelas, e cada uma delas teve seu nome escrito pela palavra de Deus. Essas estrelas somos nós.

No início não tínhamos forma, éramos totalmente livres e brincávamos de criar e tomar a forma que quiséssemos. Assim tomamos as formas das pedras e dos minerais, das plantas, das árvores e dos animais.

De tanto brincar de tomar formas, passamos a nos identificar com elas, nasceu a sombra, e da sombra a dor. Aos poucos fomos nos esquecendo de que éramos luz e éramos livres, fomos nos esquecendo de nós mesmos...

Um dia ouvimos um grito de dor vindo de algum lugar do espaço. Procuramos por este grito e encontramos um pequeno planeta azul e branco, que clamava por ajuda. Querendo ajudar, aspiramos uma pequena forma humana e nascemos dentro de mais ou menos nove meses.

Ao nascer, ou mesmo antes disso, havíamos nos esquecido de quem éramos. Acabamos por nos identificar com a forma e com a dor que viemos curar.

Mas a Luz que em nós habita sempre clamou por um dia emergir, e quando éramos crianças, em nossas fantasias e anseios desejamos curar uma dor no mundo, a nossa própria dor. Queríamos ser poetas ou curar todas as doenças do mundo. Queríamos cantar ou dançar, queríamos amar ao mundo todo, proteger cada bichinho e cada planta do planeta.

Qualquer que fosse nossa fantasia ou anseio, ela está extremamente ligada à dor mais pungente que sentimos quando éramos crianças, a dor que ainda hoje experimentamos, talvez localizada em alguma parte de nosso corpo. A dor que carregamos ao longo de nossas existências.

Mas trazemos em nós o potencial de curar esta dor que nos habita, esta dor que habita o mundo. Foi para isto que aqui um dia encarnamos, é para isto que estamos preparados.

Falta apenas ser a Luz que somos. Pois esta Luz é nosso curador interno, esta Luz é, realmente, cada um de nós...” (Luz Emergente - 
Barbara Ann Brennan).

Este texto fala de mim mesma, do momento especial que eu acabara de vivenciar, fala de como eu me esquecera de mim mesma, de minha origem divina, celestial, fala da dor de encontrar este momento. Eu realmente não estava só, mas guiada por invisíveis mãos que colocavam as respostas de minha vida a minha frente.

Eu havia construído um outro eu, mais normal, mais prático, mais insensível e distante de minhas profundas emoções. Agora que sei quem realmente sou, eu desejo nunca mais me esquecer. Quero para sempre carregar em meu coração esta emoção, quero trazer para todos os meus dias a luz que em mim jazia adormecida e que agora acorda para me trazer a vida que sempre intuí.

E se dou agora este testemunho, é para dizer que esta viagem não é fantasia, é real, mas é preciso vivê-la. Este caminho interior que trilhei, é um caminho sem volta para todos aqueles que nele se aventurarem. É um caminho infinito, pois infinita é a alma humana, infinita como Deus, infinita como o Universo...

Sinto-me hoje diferente. Sinto que em mim alguma coisa profunda mudou. Compreendo agora minha dor, vivida em tantas existências humanas. Compreendo agora meus anseios de criança. É como se um grande quebra-cabeça se fechasse. Tantas coisas fazem sentido em minha vida, tudo que eu vivi, tudo que senti, tantos sonhos...

Na noite seguinte, tive uma linda visão: vi-me diante de um caminho sinuoso, circundado por alta cerca viva, que dava vista para um jardim, logo adiante. Neste caminho, dezenas de pequenas borboletas azuis, cintilantes, voavam a minha frente. Eu já não mais tateava às cegas o caminho, a venda de meus olhos caíra. Conscientemente, posso trilhar meu caminho, a consciência de minha Luz ilumina meu porvir.

Todos nós vivemos o encontro com o divino, muitas vezes em nossas vidas, diante da beleza da natureza, diante da delicadeza de uma criança, em um encontro de motivações espirituais, diante de um grande amor. São momentos em que nos emocionamos e nos deparamos com o inesgotável manancial de amor que possuímos, quando já não mais nos sentimos separados da natureza e da humanidade que nos cerca. Quando nos sentimos unos com o universo e todas as suas criações. Neste momento sentimos que estamos a adentrar uma outra dimensão, uma dimensão profunda e plena de amor e luz. Não nos identificamos neste encontro, este momento passa, e se torna uma lembrança de êxtase e mistério em nossa vida, até que possamos entender que este êxtase é nossa verdadeira realidade, o outro eu, que mora neste mundo, é apenas a personalidade que criamos para viver, fugindo do medo e da dor. Reencontrar a Luz que somos é o retorno à casa do Pai, o retorno a nossa origem celestial, ao nosso verdadeiro Eu, nossa face Divina.

Este é o momento que tanto aguardávamos, após nossa longa viagem de alguns milhares de anos... Estamos diante do tesouro pelo qual procuramos algures, o qual somente encontramos em nosso coração, a nossa Estrela, a nossa Luz que nos ilumina. Chegamos ao vasto mar no qual agora mergulhamos: o mar de amar, o mar de Ser, o mar de Deus...

Somos outros homens, outras mulheres! Ungidos, abençoados na alma, como que beijados por um anjo! Nunca mais nossa vida será a mesma, temos todos um único destino, o destino de ser Luz sobre a Terra, e doravante, despertar a Luz no mundo!


(De Volta à Casa do Pai - Ana Ventura)



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